Seis brasileiras na Grécia foi o resultado de um encontro maravilhoso pelas ilhas Jônicas no verão de 2014 da Grécia. Ano passado a Ana Tassia, uma descendente de gregos,  entrou em contato comigo através do facebook “Eu Amo a Grécia”, solicitando informações sobre alguns lugares na Grécia  que ela gostaria de visitar.

A idéia original era velejar de Atenas à ilha de Creta com quatro amigas comemorando seus cinquenta anos e homenageando seu pai (grego) e sua cultura de forma diferente e divertida. No decorrer do planejamento da viagem muitas coisas foram mudando, tomando rumos e formatos diferentes, cada vez mais interessantes. Acertados alguns detalhes, ela me convidou para acompanhá-las, o que achei maravilhoso! Começamos ali  uma bela amizade.

Demorou mais de um ano para que ela conseguisse realizar seu projeto de viagem, mas, enfim…tudo organizado!O primeiro encontro das 6 brasileiras na Grécia foi no aeroporto de Atenas às 5h da manhã do dia 07 de setembro de 2014, nunca nos vimos pessoalmente, mas a química foi imediata e parecia  que a nossa amizade era de muitos anos.

Confira nossa entrevista e conheça as participantes da viagem.Logo abaixo o roteiro completo dos sete dias viajando pelo mar Jônico.

Apresentação das seis brasileiras na Grécia, da esquerda para direita:
Bianca Ramos: Fotógrafa, noiva e mãe de dois filhos maravilhosos., amiga e guerreira. Sua frase favorita: “Fotografar, é colocar na mesma linha, a cabeça, o olho e o coração.”
Maria Alice Barreto Viana: Mulher, mãe, apaixonada, guerreira e amiga. Adora aventuras e sobretudo amizades verdadeiras.
Ana Lucia Paim de Almeida:Empresária do ramo da hotelaria, apaixonada pela vida e aventuras.Mãe de dois filhos maravilhosos e avó de um bentinho adorável.Amiga fiel e companheira.
Ana Tassia: A que fez tudo acontecer! Descendente de emigrantes gregos e alemães, ama a cultura européia e é apaixonada pelas ilhas gregas. Casada com um agregado, mãe de duas encantadoras meninas e avó de um fofucho!Aventureira de raiz….
Virna Lize –Fotografa e Blogueira, apaixonada pela Grécia! Adora uma aventura e se entrega de corpo e alma em projetos de viagens.
Maria Araujo: Gaúcha, mãe coruja de 3 filhos, astróloga, meio bruxa! Casada,mora em Buenos aires e ama navegar. Sonhava em conhecer a Grécia..

Roteiro da viagem- 07/09 – Ilha de Corfu: Chegamos bem cedo na Marina Gouvia, deixamos nossas malas e fomos conhecer um pouco da ilha, pois só entraríamos no veleiro às 17h. Enquanto o capitão  preparava o veleiro para a viagem fomos conhecer um pouco da bela e rustica capital da ilha de Corfu. Desde a idade média, a ilha passou por várias dominações, veneziana, francesa, britânica e turca, o que a fez uma mescla de cores e costumes. O seu magnífico centro histórico  data dos séculos 14/15.

Depois de uma hora passeando pelo centro de Corfu resolvemos conhecer também o famoso Palácio Achilleion, que também  é conhecido como o Palácio da Sissi. Construído em 1888, com 200.000m2 no topo de uma colina. O local foi escolhido por possuir uma vista maravilhosa do mar Jõnico, tendo este nome por referenciar Aquiles em toda sua magnitude.

Retornamos às 17:oohs para Marina Gouvia, onde nosso veleiro nos esperava.Fomos fazer compras para abastecer a dispensa, pois ficaríamos em locais de difícil acesso de supermercado e também para desfrutarmos das deícias da região.

Depois das apresentações, o capitão Spyros Riggas abriu o mapa e nos mostrou como seria a nossa viagem. A idéia inicial era passar uma semana velejando pelas ilhas Jônicas, mas a previsão de mal tempo mudou nosso programa.

O capitão  nos sugeriu chegarmos até a ilha de Paxos e Antipaxos na  manhã do dia seguinte e depois passearmos pela beirada da costa de Parga e retornarmos no meio da semana para costa de Kerkyra e assim foi feito. https://goo.gl/maps/JL0Q3

Primeira parada foi na praia Agni, que fica na costa leste de Corfu,  para pernoitarmos e no dia seguinte seguimos para a ilha de Paxos e Antipaxos.

A praia Agni onde o veleiro passou a noite é maravilhosa e foi ali que tomamos nosso primeiro banho de mar!

Agni significa intacto em grego, o que define a  baía perfeitamente. Situada na costa leste, entre oliveiras e pinheiros, mais parece um resort.Possui um par de casas de nativos e apenas 3 tavernas com seus respectivos piers.Apenas pequenas embarcações têm este privilégio.

08/09 – Paxos:Nosso primeiro café da manha, enquanto o barco seguia rumo a ilha de Paxos. A nossa amiga Maria Alice acordou com a coluna dolorida e infelizmente tivemos que conhecer um pouco da ilha sem a a sua a companhia.

Ilha de Paxos Paxos ou Paxi é uma pequena ilha situada a alguns km ao sul de corfu. Faz parte dela a ilha Antipaxos. A Capital da ilha é a pequena aldeia de Gaios, localizada na parte sul da costa leste, onde chegam as balsas de Corfu e Igoumenitsa.

Em Gaios tem o interessante Museu da Cultura mostrando as pinturas, cerâmicas, fosseis e objetos tradicionais. Em frente ao porto tem duas ilhotas a Agios Nikolaos e a Panagia as quais só podemos avistar.

Nosso segundo banho de mar foi na praia da ilha de Gaios, de água transparente e bem quentinha. Passamos o dia e a noite na ilha de Paxos e na manha seguinte seguimos para a ilhota Antipaxos.

09/09 – Antipaxos: Chegamos bem cedo na praia Voutomi e a sua beleza nos deixou surpresas. Um azul tao lindo que não conseguimos achar palavras para explicar tamanha beleza!

A ilha Antipaxos possui duas belas praias das ilhas Jonicas.Vikra e Voutomi. A ilha está ligada com Paxos por um serviço de taxi barco, que sai do porto de Gaios e transportam em 15 min turistas para as prais Vrika e Voutomi, A ilha tem duas aldeias: Vigla e Agrapidia.

Antipaxos é uma pequena ilha, a menor das ilhas jônicas,  tem apenas dois quilômetros quadrados, com uma população que varia entre 30 e 100 habitantes. No início do século 19, a ilha era habitada por Souliotes, que lutou contra o Império Otomano, até que foram derrotados em 1803. Hoje poucas pessoas vivem lá o ano todo, mas no verão muitos moradores de Paxos vão a procura de  paz e tranquilidade.

O veleiro contornou toda a ilha Antipaxos e chegamos a entrar numa imensa caverna e a querida gaucha, Ana Tassia, agradeceu ao Pai por tudo que estava acontecendo naquele exato momento. Agradeceu também pela perfeição da natureza e confesso que foi difícil  segurar as lagrimas. A tardezinha chegamos em Parga, ancoramos e fomos conhecer um pouquinho da cidade a noite.

10/09- Parga:Parga é uma cidadezinha litorânea localizada ao noroeste de Preveza, com vista para Paxos, Antiaxos e Cabo Actium.

Na manhã seguinte seguimos para dar um mergulho nas águas azul-verdejantes do mar Jônico. A combinação da vegetação exuberante e águas cristalinas, nos fez brincar feito criança a manhã inteira!

Praia maravilhosa no litoral  de  Parga!!

Syvota (em grego Σύβοτα, antes de 1940, Μούρτος)Seguimos a tarde do mesmo dia para Syvota, uma pequena e charmosa vila, ex-município de Thesprotia, Épirus.Faz parte do município de Igoumenitsa desde a reforma do governo local de 2011.

Os antigos habitantes eram da região de Thesprotians, uma tribo grega de Épirus, local da Batalha de Sybota.. Durante a idade média, este vilarejo fazia parte do Império Bizantino  e sob o domínio dos turcos foi chamada de Mourtos.

Depois de quase 500 anos de domínio otomano, a aldeia juntou-se a Grécia, após a guerra dos Balcãs.

Hoje , Syvota é um resort bem desenvolvido, com praias virgens e águas translúcidas!

11/09 Agni: Retornando à Corfú. Passamos a noite em Syvota e pela manhã nosso capitão sugeriu que retornássemos à Corfú, pois uma tempestade se aproximava. Não levamos muita fé, pois havia amanhecido o dia com um sol maravilhoso,mas obedecemos às suas ordens de retirar tudo do convés, fechar as escotilhas e entrar na cabine. Não passaram nem  20 minutos e o céu começou a desabar. Parecia que os Deuses estavam dançando e quebrando pratos no céu. Sentimos um pouco de medo no início, mas a destreza do capitão fez com que tudo parecesse um passeio offroad nos mares.Foi bem emocionante!

Ancoramos na Vila de Agni para pernoitar.O que fazer em um vilarejo com poucas casas, três tavernas e chovendo canivete?O que nosso amigo “Baco” nos aconselhou… Festa ,vinho, dança!!!!!Lá fomos nós para Taverna do Nikolas.

A noite já não chovia tanto e a taverna estava lotada de turistas de todas as partes do mundo.Confesso que foi um dos melhores shows de danças típicas gregas que já assisti.

Teve ate a famosa quebra de pratos, fomos a loucura!Nosso capitão foi chamado para dançar e fez muito bonito!

A festa terminou lá pelas duas da madrugada. Fomos todas capotar , mas com a sensação de quero mais… Dançamos e nos divertimos como nunca !

12/09 – Kassiopi : Na manha seguinte seguimos para mais um pedacinho de Corfu e a parada foi num pequeno e histórico vilarejo de pescadores.

Kassiopi é uma vila na costa leste de Corfú, habitada por pescadores tradicionais, que no verão se torna um centro de convívio muito disputado por turistas, em especial da Grã-Bretanha e Itália.Estávamos todas cansadas da festa (ressaca), mas quando avistei uma muralha no alto, logo meu sangue ferveu para desvendar. Chamei as meninas e as convidei para subirmos e percorrermos a trilha até lá.

Era um dos três castelos da época Bizantina que defendiam a ilha antes da era Vietnan (1386-1797).Os castelos formavam um triângulo defensivo: o Gardikiao ao sul da ilha, o que visitamos, Kassiopi ao nordeste e o Angelokastro a noroeste.

Sua posição estratégica na costa nordeste de Corfu, permitia supervisionar todo o canal que separa a ilha do continente. Ele é considerado uma das mais imponentes ruínas arquitetônicas das ilhas jônicas. Pernoitamos por lá mesmo e pela manhã seguimos para outra vila.

13/09 – Kerasia na verdade não é uma vila, mas sim uma das praias mais pitorescas e belas de Corfú. Com águas cristalinas e vegetação exuberante, esta pequena enseada encanta qualquer mortal. Somente barcos pequenos podem se aproximar, mas nosso exímio capitão deu um jeitinho de ancorar em frente a uma taverna onde comemos um mousaká dos deuses!

A praia Kerasia  tem águas cristalinas, a paisagem verdejante e as enseadas deslumbrantes  fazem desse lugar um cantinho muito especial, mas infelizmente não podíamos ficar muito, estávamos com as horas contadas e logo retornaríamos para a Marina Gouvia, para encerrarmos no dia 14 de Setembro nossa viagem.

Ninguém queria ir embora, enquanto as gaúchas pegavam um bronze e saboreavam as frutas da região, eu e a fotógrafa Bianca Ramos ficamos na taverna tentando atualizar o trabalho. Infelizmente não podíamos ficar muito tempo, precisávamos retornar a Marina Gouvia antes do anoitecer.Com corações partidos, nos despedimos dançando um Zorba!

A taverna Kerasia nos recebeu muito bem e a comida é maravilhosa, não deixem de experimentar o Mousaka!

14/09- Marina Gouvia: Chegamos no entardecer na Marina  e a noite caiu o mundo em cima do veleiro, chuva e trovoadas, com certeza era sinal dos Deuses não querendo que a nossa viagem acabasse!

O dia amanheceu nublado e  fomos conhecer um pouco mais da Marina Gouvia, tínhamos apenas quatro horas para passear e almoçar. Gouvia está a 8 km da cidade e  é uma vila piscatória com uma longa história. Em 1537, houve uma invasão,  sem sucesso e  foi sitiada pela frota turca, liderada por Barmarosa.

O Estaleiro Venetian no século 17: Marinheiros venezianos escolheram a área de Gouvia como um local ideal para a criação de uma base naval. Eles construíram na entrada da baía  um pequeno forte, conhecido pelos habitantes de Gouvia como o Forte de Scarpa. A estrutura tem sobrevivido com seus muros, pilares e arcos quase completos, apenas o telhado está faltando. As colunas e abóbadas  permanecem até hoje como uma lembrança daqueles anos longínquos quando a Sereníssima República de Veneza governou o Mar Mediterrâneo.

Retornamos ao veleiro com uma enorme sensação de vazio, estava chegando a hora de irmos embora. No aeroporto nos despedimos com alegrias e sorrisos, mas com corações inquietos e com a certeza de que fizemos tudo que poderíamos ter feito nesses sete dias de viagem: Sorrimos, choramos, desabafamos, fomos sinceras e o mais gostoso de tudo isso, realmente amamos  e respeitamos uma as outras. Nasceu ali uma grande amizade e fortaleceu mais ainda uma antiga.

“Viajar… porque a emoção de estar num lugar que você sempre viu em fotos e filmes (e sonhou conhecer) é uma sensação única. Não há como descrever em palavras. O que sentimos e uma mistura de alegria, realização, dever cumprido e depois, vontade de fazer tudo de novo. Descobrir o que há, mais alem do lugar onde estamos hoje.Viajar e viciante. E viajar com amigas é a única maneira de conhecer verdadeiramente alguém.Viajar nos fazer sentir vivos, vibrantes, curiosos, interessados, surpresos, gratos, humildes, como deveríamos ser em todos os dias de nossas vidas  e estar assim com vocês foi o que de melhor aconteceu em minha vida nos últimos anos.Muito obrigada minhas queridas amigas!Esperando ansiosa pelo próximo embarque!! “Bianca Ramos”

Aprendi que aquele que não viaja não conhece o valor do ser humano, que não importa o lugar no mundo, que viajar não é deixar a nossa casa, mas sim nossos hábitos.É não ter medo de arriscar para sair à descoberta. Viajar é descobrir que a vida é inteiramente pequena e que o mundo é genialmente grande,e que a simplicidade das coisas está na essência das pessoas e não naquilo que têm.” Ana Lúcia Paim

Até a próxima! 🙂