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A imigração grega no Brasil

A imigração grega no Brasil pode ser dividida em três fases:

A imigração grega no Brasil
A imigração grega no Brasil

Grécia nos anos de 1880 -A primeira fase ocorre durante o Império com a vinda de algumas famílias no âmbito do projeto de desenvolvimento do Brasil de D. Pedro II. Trata-se principalmente da família Calógeras que veio em 1841 de Corfu, sendo o chefe desta família, João Batista Calógeras, diretor da Secretaria de Estado dos Negócios do Império e 1º Oficial do Gabinete no Ministério dos Negócios Estrangeiros. O neto de João Batista Calógeras foi o membro mais importante, João Pandiá-Calógeras (1870-1934) que ocupou o cargo de Ministro da Agricultura, Comércio e Indústria, como também Ministro da Fazenda no Governo Venceslau Brás (1914-18) e foi o único civil a ser Ministro da Guerra, no Governo de Epitácio Pessoa (1919-22).Em 1880 chega ao Amazonas, oriundo de Atenas e via Damasco, o imigrante David Tadros que, funda sua empresa em 1888 na região, ocupando-se do comércio da borracha, navegação, importação e exportação. A firma, renovada e expandida, continua até os dias de hoje nas mãos da família Tadros. Outra família que chegou no século XIX foi a família Leonardos, família de industriais, membros da qual serviram por longos anos como Cônsules Gerais Honorários da Grécia.Em 1883 chega também ao sul do Brasil, proveniente da ilha de Castelorizo, o Capitão Savas Nicolau Savas, fundador da Colônia Grega de Santa Catarina, seguido por outras famílias da mesma ilha que se instalam na Capital do Estado.

A imigração grega no Brasil
A imigração grega no Brasil

Grécia em 1914– A segunda fase da imigração grega ocorre entre 1914 a 1940: e algumas famílias chegam ao Brasil, como a família Diakópoulos, oriunda de Esmirna, e que se instala em Mato Grosso, dedicando-se ao comércio de madeira (dormentes) e depois em São Paulo, no comércio de importação/exportação. Outra família é a de Zarvos que veio da ilha de Rodes e instalou-se em Lins (SP) constituindo grande fortuna trabalhando com o algodão. Sua fortuna naquela época chegava a 400 milhões de dólares americanos.

Imigracao
A imigração grega no Brasil

Grécia em 1958– A terceira fase acontece depois da II Guerra Mundial, no período de 1951 a 1960, quando se registrou o maior fluxo de gregos em direção ao Brasil. Num total de 10.086, eles chegam em navios, sob os auspícios do Comitê Internacional das Migrações Européias. De acordo com dados oficiais, de 1893 a 1979, desembarcaram oficialmente no Brasil 17.018 Gregos. Neste período destacou-se na política Jorge Lacerda, que ocupou o cargo de Deputado Federal (1950-55) e também de Governador de Santa Catarina (1955-58). Hoje o número de Gregos no Brasil é muito reduzido. No sul do país, nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, vivem cerca de 1.700 Gregos e seus descendentes. Calcula-se que a maior parte dos Gregos e descendentes vivem em São Paulo, dedicando-se ao comércio e às profissões liberais. Nas últimas eleições de 2002, foi eleita Deputada Federal pelo Estado do Espírito Santo Iriny Korres Lopes, de origem grega. Os Gregos do Brasil têm mantido, na medida do possível, os seus ritos e costumes, no contexto em geral, das Comunidades Helênicas que existem em várias cidades, como São Paulo, Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro, Florianópolis, Porto Alegre, Vitória, etc. Essas Comunidades mantêm uma Igreja Grega Ortodoxa, onde os membros se reúnem e celebram as datas cívicas e religiosas mais importantes. Dos membros da Comunidade Helênica de Brasília muitos são aqueles que chegaram junto com os primeiros pioneiros da nova Capital.

Fonte – http://www.miniweb.com.br/cidadania/personalidades/imigrantes11.html

Georgios Mitrogiannis
Georgios Mitrogiannis

Georgios Mitrogiannis, mais conhecido como Jorge Grego numa pequena cidade do Espírito Santo chegou ao Brasil no mês de Novembro de 1958 em busca de trabalho. Ele faz parte da terceira geração dos gregos que imigraram para o Brasil. Foram 27 dias de viagem saindo do Porto Pireus na Grécia até Porto de Santos – SP. Dentro desse navio havia uns cem gregos, todos com o mesmo objetivo, que era trabalhar e juntar um bom dinheiro para mais tarde retornar para a sua pátria. Jorge Grego fez parte do grupo de trabalhadores civis na construção da estrada de ferro de Brasília, morou em São Paulo alguns meses, até sua esposa, Stavroula Mitrogiannis, chegar com seus três filhos pequenos.

Dona Stavroula e filhos
Dona Stavroula e filhos

Despedidas no Porto de Pireus em 1959 -A vida de todos foi marcada por muitas lutas mas também muitas vitórias. Jorge Grego com a ajuda da sua esposa conseguiu ficar bem financeiramente, numa pequena cidade do Espirito Santo, Guarapari, desde de 1964. Antes disso passando por várias cidades do Brasil, dentre elas, Porto Guaira, a qual foi inundada por Itaipu, no Estado do Paraná, onde residia o pai da sua esposa, Panagiotis Xiotis  que fez parte da segunda imigração de gregos para o Brasil.

Pai da Dona Stavroula e filhos
Pai da Dona Stavroula e filhos

O tempo passou e no ano de 1970, nasceu o quarto filho, Alexandre Mitrogiannis, o único dos quatros filhos que resolveu   morar na Grécia. No decorrer dos anos muitos perguntaram para o meu sogro o porquê de não ter retornado a sua Pátria e ele sempre tinha a mesma resposta: “Morreram meus pais, não há motivo para voltar!” Liguei para o meu sogro pra conversarmos a respeito dessa postagem e também aproveitar para fazer algumas perguntas para completar esse texto:

Georgios Mitrogiannis e o Pai
Georgios Mitrogiannis e o Pai

“Qual foi a maior dificuldade que senhor teve ao chegar no Brasil? Perguntei assim que colocamos nossas conversas em dia. Pensei na comunicação, mas para a minha surpresa, ele disse que o idioma não foi sua maior dificuldade, mas arrumar emprego foi o mais problemático, mecânico profissional desde pequeno quando ajudava seu pai na Grécia, achou que chegando ao Brasil, seria fácil arrumar algo nessa área, o que conseguiu meses depois com a ajuda de um conhecido grego.

“Como foi sua recepção no Brasil? Sentiu alguma vez preconceito?” (Segunda pergunta e eu já estava me sentindo uma verdadeira profissional do Fantástico!). “O Brasil me recebeu como uma segunda mãe, nunca sofri nenhum tipo de preconceito e sempre fui muito respeitado por onde passava, existe pessoas boas no Brasil, só não existe políticos bons, estão acabando com tudo isso aqui, com tantos roubos”. Vi que a conversa estava ficando muito tensa, pois realmente quando se fala de política, a coisa fica preta então resolvi mudar um pouco o rumo da conversa e perguntei se por acaso nessa mudança para o Brasil, houve alguma coisa engraçada, algo que ficou registrado na cabeça mesmo com tantos anos passados. Alguns segundos depois ele falou, que na época quando foi trabalhar em Brasília, os trabalhadores faziam filas para receber o almoço e ele ficou admirado com o tamanho da fartura ao ver no seu prato um grande punhado de queijo ralado, sendo que na Grécia, sempre foi um alimento muito caro. Quando ele comeu sentiu algo estranho e colocou tudo para fora, e seus colegas riram dele, dizendo que aquele “queijo ralado” era na verdade farinha de mandioca.

“Voltar?” (Perguntei): “Talvez para ver meus netos, os políticos estão acabando com o mundo, acabaram com o Brasil, acabaram com a Grécia!”

Jorge Grego e Dona Voula
Jorge Grego e Dona Voula

Hoje ao escrever esse pequeno texto sobre a família Mitrogiannis, família da qual passei a fazer parte desde 1989, senti saudades da Dona Vula, minha segunda mãe que me acolheu como filha em sua casa logo que me casei. Lembrei de várias coisas que ela me contava sobre a Grécia, das igrejas que ia sempre acender suas velas, das deliciosas comidas que cozinhava magnificamente bem. Lembrei também das histórias tristes sobre a guerra e da época que, quando veio morar no Brasil a Grécia ainda era reinado. E eu ficava pensando: “Nossa, minha sogra morava num lugar onde tinha Rei e Rainha!” Foram tantas conversas que tivemos durante anos a fio, que quando eu cheguei na Grécia, já conhecia um pedacinho dela.

Morar na Grécia nunca fez parte dos meus sonhos, mas desde a época em que eu conversava a respeito dela, com os meus sogros, aprendi a amar e respeitar essa minha segunda Pátria.

Ate a próxima!

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Quem Escreve

Me chamo Virna Lize, fotógrafa e blogueira, mudei para a Grécia em 2008 e criei o blog para dividir com vocês minhas experiências pelas terras helênicas, pra que possam conhecer não apenas o tradicional, mas também o inusitado do local. Aqui vocês encontrarão dicas de viagens, histórias dos lugares mencionados e ainda serão contemplados com magníficas imagens (de minha autoria) desse encantador país que hoje é meu lar.

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Respostas de 38

    1. Não sou descendente de grego sou bisneto de egípcios… mais tenho proximidade com a família grega Phanaiotis, uma coisa que não foi citada no texto e que existem poucos imigrantes egípcios no Brasil, e os poucos que existem vieram Junto com os gregos no mesmo navio na década de 50 após a segunda guerra para Santos -SP e minha família e uma das que veio do Egito com famílias gregas para o Brasil e para SP… meu BIZAVO com sobrenome egípcio AL JASSAR infelizmente Já se foi, eu lamentávelmente não herdei o sobrenome somente meu Avô. Atualmente minha família vive em Brasília DF mais somos de SP!

  1. Sou descendente de Grego, a família Drossakis e Kopanakis, moro no Brasil, estou procurando contato com outros descendentes da família

  2. Gostaria de saber sobre a família Thebas, identifiquei que a origem do meu sobrenome é grego, gostaria de saber mais

  3. Olá. Muito interessante estes relatos.
    Sou Ducas e existem poucos no brasil. Estudei um pouco sobre nossa história, mas não encontrei nada a respeito de quem e quando foram os primeiros no brasil.
    Tem alguma dica pra que eu encontre algum fato?

  4. Olá! Gostei muito da explicação e conteúdo! Épocas e famílias!
    Meu pai veio para cá com um irmão, a mais ou menos em 1950, logo depois vieram seus pais e mais dois irmãos! Todos já falecidos. Ingrid Coroneos

  5. Meu pai tem sobrenome grego, Temistocles, mas não tive contato com a família dele, e gostaria muito de ter informações. Sabe me dizer algo sobre esses imigrantes?
    Adorei ler o seu texto.

  6. Olá, sou Ian Jalajonitis e estou procurando contato da familia do meu avô Juan Demetrio Jalajonitis Manelópulu, de Gargalianoi, Messinias. gostaria muito de ter informaçãoes se ainda existem parentes

  7. Que legal! adorei o texto. Acho muito interessante a imigração grega pro Brasil, e também do fato do Brasil ter recepcionado várias pessoas de inúmeros países diferentes, acho isso muito legal.
    Parabéns pelo texto! e como está indo viver na Grécia depois da pandemia?

    Abraços,
    Lincoln Abbot
    😉

  8. Adorei esse texto. Porém, sou neta de turco .
    Mais nunca conheci meu avô Tiburcio Abrahim.
    Mais me Adorei conhecer as nossas raízes.

  9. Oi Virna,

    Meu trisavô era filho de Grego com Síria porém não possuo muitas informações sobre os pais e avós dele. Ele se chamava Elias Constantino Faskomy e tudo que indica que ele nasceu no Brasil mesmo. Talvez os pais dele vieram dessa segunda jornada via Damasco. Gostaria de saber se é possível ter informações sobre essa embarcação para ver se eles estavam nela mesmo. Muito obrigado pelo texto!

  10. Olá Virna,
    Meu pai quando veio da Grécia morou Porto Guaira ( nome atual da cidade: Guaíra/PR) , a qual foi inundada por Itaipu, no Estado do Paraná.
    Li seu comentário à respeito do Sr Georgios onde comenta que conheceu o lugar, saberia me informar o ano? Quem sabe se conheceram por lá pois a família se instalou naquela região!

    Ευχαριστώ!

  11. Olá Virna, acompanho teu canal no YouTube, sou filho de grego, família Kalaitzis da ilha de Lesbos, parabéns pelo teu trabalho!

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